sábado, 26 de dezembro de 2015

Crônica de um adeus



A sua partida não foi anunciada e consequentemente não esperada. Logo você, que levou meu coração a sonhar com noites de luar e chuva, dias de sol, poesias e café ao pé da cama.  Enquanto pedalava pelas ruas da cidade nas idas e vindas do trabalho, sempre estava com você em meus pensamentos, planejava viagens, jantares, encontros com amigos nossos ou com aquele que ainda iríamos conhecer, mas tudo foi tão breve... Você se foi.
Como viver os domingos? Nunca gostei dos dias de domingos, eles sempre foram melancólicos, cinzas e tristes, mas, com você eles tiveram outros significados, pois, foi em uma manhã de domingo que lhe conheci de frente para o lago com um sol quente e claro. Você trajava um bermuda jeans, amarrada com cadarços, uma camisa xadrez, cheiro forte de fumaça de algum cigarro, me apaixonei, e sua beleza estava justamente no conjunto que se apresentava, até no seu jeito tímido e despretensioso... 
 Duas coisas ficaram com sua partida, seu cheiro pela casa vazia e a solidão dos dias cinza... Agora não sei lidar com os dias que você aparecia, a consciência sabe que não voltarás a aparecer, mas o hábito do coração anseia e se alegra com a esperança de que talvez venha. E é conhecido de todos que não existe dor maior do que aquela espera por quem não vem. 

Adeus, hoje faço essa crônicas ridícula para lhe dizer, adeus. Como uma palavra tão pequena pode carregar consigo tamanha dor? Vou dobrar a esquina. As esquinas tem essa vantagem, não nos permite olhar para trás, seguir em frente é talvez o melhor conselho que poderia me oferecer... Ficarão três coisas em minha memória: seu cheiro, a imagem de seu corpo negro e nu em minha cama e o café, como nossa bebida preferida. 


* O texto não passou por nenhuma correção.
**Imagem encontrada livremente na internet