“Saudades é solidão acompanhada”
...Faz um
dia nublado e quente, típico dos dias de verão. Estes dias tem o poder de me
deixar triste e introspectivo... E não obstante é domingo, e isso é gravíssimo.
Não saberei
dizer exatamente qual foi o dia em que, pousei meus olhos nos seus olhos, foi
por primeiro o que me encantou em você. Consegui em segundos ou milésimos de
tempo vislumbrar a eternidade. Ali me sentir feliz!
Como a
canção eu pensei, “ainda bem que agora encontrei você”. Mas, os dias passaram
como tinham que ser, e com os dias e minhas confusões você também passou,
encontrou morada em outro coração. Eu não sei me comportar diante do amor, e
assim foi com você...
Não chegamos
a ter uma história, (sinto saudades disso) quem sabe estórias? Mais confusas
que eu mesmo. Porém, a poesia de seus olhos que me transportou à eternidade
aquele dia não têm me deixado em paz, por isso, a epígrafe que encabeça essa
carta ridícula, como todas as cartas de amor devem ser, como nos lembra o
Poeta.
Aquele dia
no bar foi um dia de sensações antagônicas, feliz e triste, Apolo e Dionísio. A
felicidade se dava por reencontra-lo depois de tanto tempo, depois de uma
viagem abençoada pelos Deuses, voltava depois de tanta beleza e com a esperança
nesse reencontro. No entanto Pandora brincou comigo, entre uma cerveja e uma
música de Chico Buarque, descobri que não era o homem que esperava para sua
vida. Ele teria que ser rico, poxa! Ouvir isso foi de perder o caminho, como
diz o dito popular. Enquanto você falava eu fazia os cálculos de minhas
riquezas, e ao fim da noite tinha o triste saldo de minhas finanças. Não era
Eu. Não tenho nada a te oferecer. Amor, bobagem inventada pelos românticos.
Diante de
tais assertivas, poderia eu lastimar assim como “Jó” o dia em que lhe conheci?
Não, esta é a resposta. Pois, foram seus olhos que fizeram com que eu
acreditasse na possibilidade da eternidade. Mesmo sabendo que Charlotte era
desposada por outro cavalheiro, Werther continuava dia após dia está com Ela, e
querer sua presença, pois, o amor tem disso, necessita de presença, de cheiro,
de cores, dos sorrisos e das lágrimas. O amor tem necessidade simples como nos lembra
Drummond.
Assim como
Werther levou o amor até as últimas consequências, eu também necessito. É
preciso morrer. Aqui assumo minha condição de morto. Posso lhe afirmar que
morrer não é fácil, mas, a decisão tinha que ser tomada e com certa urgência.
Talvez minha
morte sedenta por ressureição tesa a pergunta, nascerá algo desse “monturo”, de
cinzas? Quem sabe, Sta. Tereza usa uma metáfora para falar dos níveis de
contemplação da alma, em seus “Castelos Interiores” a figura do castelo e seus
aposentos, eu usarei como metáfora a cidade e suas esquinas, quem não nos
esbarramos em uma delas, em um outro tempo, e outros sentimentos. Não serão os
mesmos olhos e nem mesmo a eternidade exista, e virarei os olhos para não te
ver, “é desconcertante rever o grande amor”, olhar nos olhos é de um perigo
mortal. Ou...
Não tenho
habilidade para com a palavra, escrita ou não, mas como a vida exige que
ponhamos ponto final, estou aqui para dizer Adeus. Estou partindo, com a
consciência de que não deixo nada com você, e não quero fazer soma do que levo.
No final diferente do inicio não há reticências.
“Posso escrever os versos mais tristes essa noite”
*Perdão pelos erros ortográficos
** Como Ilustração Pablo Nerruda
*** Indicação de Leitura, Os
Sofrimentos do Jovem Werther, Castelos Interiores ou Moradas
***Foto meramente ilustrativa e
encontrada livremente na internet