sábado, 30 de novembro de 2013

Da Solidão IV




O dia foi triste, porque era o prenúncio de uma noite trágica. A dor que sinto não é porque ele não veio. A dor que sinto é ontológica. Ela é do próprio ser, é minha, não foi acaso o acontecimento, pois desde cedo sentia que Ele não viria. É claro que essa dor que agora me corrói por dentro foi aguçada com a decepção, pois pensei mil coisas que poderíamos fazer ir comer, beber um vinho, ouvir música ou não fazer nada. Mais e agora? Agora tenho que suporta-la, ela é minha faz parte de mim. Dor essa que sei que possuo mais que não reconheço, embora ela seja minha como o nada que me constrói. Agora estou aqui tentando uma fuga... É vivemos de fuga, pois é impossível suportar a dor, essa dor ontológica.  Essa que só o ser corajoso é capaz de reconhecer. 

*Imagem livre na internet
**perdão pelos erros ortográficos 

sábado, 7 de setembro de 2013

Calou-se




Eu acreditei muito nesse amor,
Mais nunca soube o que era esse amor
Também nunca soube se queria saber
Sentia ele e isso bastava, era simples e isso era incrível, você estava aqui...

Também não sabia o que era ser simples
Sabia que o amava e que sonhava com sua volta
Acreditar bastava e me mantinha vivo, e você sempre voltava
 E a vida seguia entre verão e inverno, quente e frio...

Um dia você não voltou...
Na insensatez do amor mantinha me resignado
Buscava-a nos lugares por onde passávamos e fazia a vida acontecer
O não querer acreditar mantinha a ilusão do retorno

Tiveram-me por louco e estava por que só você bastava
Não conheci outro amor, não deixaste-me conhecer
Jurastes que era para sempre e nós acreditamos
E quando muito, estávamos juntos

Hoje o passado já entra em nossa poesia sem compaixão
Assim como você, ao sair e não voltar mais
O que farei das rosas? Das músicas? Dos nossos livros?
Não sei se o que dói mais, se é sua ausência ou a lembrança

Não estou acostumado a não ter você, ontem falamos
Hoje não falamos mais, nos calamos e o que nos resta
A dor do silêncio... E tudo é SILÊNCIO... Não existe mais o nós...
 
*Foto livre de internet 

Eu Lírico





Só sei ser intensa
Não amo pela metade, não existe a metade de mim
Não se tem a metade de um amor,
Também não se tem meia poesia, meia música, meia solidão, meia tristeza

Na minha loucura dou-me por inteira
Sempre me perdi não por ser ingênua, nunca fui ingênua
Me perdi pela intensidade do meu desejo de amar,
De ser amada...

Assim como Beauvoir desejo que me ame hoje
Mais que não queiram me fazer alegre
Alegria é a mimesis dos tolos
Não suporto os felizes, eles mentem, acreditam

Por que acreditam? Não sabem o por que
Eu não acredito, mais tenho a tristeza e amor às vezes
Não queiram saber de minha tristeza ou de minha  loucura,
dos meus amores, que foram tantos e só um

Ele ficou naquele outono
Volto às vezes nele, na minha loucura
Ele tirou-me a paz o pouco que restava e foi-se

Dei tudo a Ele, tudo. Não sei ser meia. Prefiro morrer

*Imagem Livre de internet
**Ele/Ela/ela/ele/eulírico 

sábado, 8 de junho de 2013

Seus Olhos




30 de maio 2013 

Por que insistes em ir...
Tu vais à frente e meu amor lhe busca, deixe ele te alcançar...

Você que tens olhos tão doces...
Por que resistes aos meus olhos...

Desde ontem sabia que nãos virias...
Como acostumar com tua ausência, se tua presença é tão cedo...

Tudo parece tão estranho, não fora ontem que as folhas lhe trouxe...
A pouco te conheci e sinto saudades ...

Por onde andas nesta noite sem lua, se seus olhos são tão doces...
Como posso lhe querer tanto se a pouco eras desconhecido...

Se toda a poesia faz sentido hoje é porque em ti que penso
Por que tivestes que ir, basta de interrogações...
Pois não necessito de respostas...

Sem medo posso lhe confessar o temor de que não voltes...
Se não voltares pelos menos tu me fizestes descobri-me vivo...


As vozes melodiosas que me apresentastes embala essa sua ausência em minha presença... 

*Imagem livre de internet
**A falta de pontuação correta é livre desejo de transgredi-las, também não houve nenhuma correção.

domingo, 21 de abril de 2013

Iporá




Ao despertar nessa manhã de domingo me deparo com um dia lindo, muito sol, brisa leve, cheiro de mato e gente. Na matriz uma missa a acontecer. 

Desses dias em que nos reporta a um lugar que só a alma conhece, e Ela, essa mesma alma, sem nenhum pudor nos remete a esse momento como se de fato fosse verdadeiro.

Estou nesta cidade que outrora fora um lugar de muita alegria e amor, de sonhos e fantasia, dessas que só os apaixonados são capazes de experimentarem.

O dia me contagia de tal forma que o desejo que tenho é sair andar, buscar as folhas secas dos arredores da cidade, sentar em algum lugar e fumar, é fumar, beber um café e ler poesia, é disso que meu ser precisa, por que não uns beijos?

Olho para a cidade clara, o dia brilha, convida para algo especial, como fazer algo especial? Se me sinto triste e solitário, bem que você poderia está aqui, mesmo que não nos falássemos só  o fato de saber de sua presença já agitaria meu ser...

Com lembrança da noite anterior e com a música de Bethânia,  vou por aí, quem sabe não te encontro na curva da estrada de Fernando Pessoa...

* foto livre de internet, simplesmente ilustrativa.  

sábado, 20 de abril de 2013

Absurdos...




Que noite é essa em que passo?
Sozinho, ando encolhido pelos vales de meu ser
Ar noturno, brisa leve, solidão espessa
Ó noite dos ventos mudos, dos abandonados e absurdos 

Ó noite o que esperas de mim?
Se eu me perder, que o dia não me alcance
Que a minha dor não seja diferente dos meninos da calçada
Noite do meu ser, noite de minha alma

Ó Deus por onde andares nessa noite?
Por que não voltares seu olhar por nós, meninos abandonados na solidão
Ó noite de minha alma deixe-me descansar

Ó noite, ó Deus, ó escuridão estou só
Por que meu grito não vos alcança?
Por que roubaram o pouco sorriso que eu tinha?

E eu que não gostava de sorrir...
Mais gostava da noite, da poesia
Por que me roubaram elas?

Roubaram o melhor de mim...


*imagem ilustrativa de internet

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Palavras



Pensar, amar, trabalhar
Trabalhar, pensar, amar
Palavras, palavras, palavras
Um beijo no rosto para não esquecer

Um dia quente
Dores de sentir o peso do dia
Peso da saudade das horas idas
E por onde elas andam?

Pensar, trabalhar, amar
Amar, trabalhar, pensar
Elas sempre voltam. E eu que as esqueci...
Mas elas sempre estarão presentes...

Vejo, não vejo, tudo aparece e desaparece
E o que aparece além das palavras? Signos do Eu...
E se são signos do Eu, o que é isso mesmo?
Nada além do que não vejo... Palavras...

*Foto livre de internet

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Fotografia



Fui atordoado com esta pergunta, feita por um não Humano, em um crepúsculo triste, e chuvoso, “Quem tu és”? Sem titubear respondi, sou uma sucessão de erros... Sou isso. O desejo de acertar, que fez tanta coisa, que amou tantos, e que viveu, na verdade teimou em viver... Sempre foi uma luta de não deixar a chama apagar, embora houvesse dia em que a tentação de tirar a redoma e deixar a vento levar aquele sopro ou aquele desejo da parafina de queimar me arrancava o que eu tinha de melhor... Mais sempre houve um ímpeto que barrava esse desejo, um sonho, uma música, uma tristeza, um perfume, uma pessoa ou as folhas secas... Já fui invisível, principalmente na infância, não fui desejado pelo seio materno, muito menos pelo o progenitor, nunca tive graça para os parentes, era mais o “estorvo” que não tinha para quem olhar... Como não ter uma única fotografia de infância? Crescer foi difícil, manter-se grande, não posso dizer... “posso dizer dos amores que tive” posso? Tive? Não sei em que imagem dessas realmente estive. Não sei, não sei por que elas parecem felizes, e por que essa tristeza a me assolar, a querer que eu tire a redoma... “não posso dizer da vida que tive” Embora tudo esteja aqui latente, querendo transformar-se em palavras, mais as pessoas tornarão a rir... O mundo, o mundo é insensível, e quem realmente se importa? Eu, sim. Eu por que sinto tudo doer, por que o desejo de afastar a redoma está aqui tão próximo... Fui ali viver em uma fotografia, ou em uma reticência...  As estradas são e foram longas...

Sem mais ou com mais, João

*Foto retirada de internet

domingo, 13 de janeiro de 2013

Ele...



Ele amanheceu se perguntando, O que fazer com a tristeza dos dias de chuva? Tudo quanto colocava o olhar estava cinzento, frio e triste. Como livrar-se das angústias que tanto tempo carrega no peito, na alma e nas entranhas? Ele saiu, andou embaixo de uma garoa fina e fria, tinha consciência que a vida poderia ter sido diferente, mais agora tudo parece pesar mais, às vezes pensa em desistir, pensa quase sempre, ainda tem um grama de esperança. Anda como quem não tem um caminho ou um objetivo, vez outra esbarra em um transeunte, as ruas parece ter as formas de seu corpo, pois cabe-lhes direitinho.  Deseja rezar, rezar com fé, piedade, e até o faz, más parece que sua fé é tão fraca e curta, Ele pensa que ela não conseguirá alcançar as Divindades e abaixa a cabeça. O dia parece esfriar ainda mais, como forma de punição tira o agasalho, sente o frio penetrar seu corpo, seu intimo, alguma lágrima cai, resiste, sente indigno até de chorar. Vem na lembrança um amigo que outrora amara, ainda ama, mais o amigo não o ama mais. Consegue sentir a tristeza de Werther, lembra dele com um ar tão familiar, tão íntimo, que tudo indica que logo se deparará com aquele dia tão íngreme e desolador com o qual Werther mergulha, continua caminhando, agora gelado, molhado e com raiva de si. Um pensamento, uma frase cerca-lhes o pensamento “um dia tudo seca”.   

* perdão pelos erros, ortográficos...
**imagem livre de Internet (http://www.tumblr.com/tagged/infelizes)