quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Diz a Ele...




Diz a ele que estive aqui essa noite
Assim como todas as manhãs que seguiram-se desde sua partida
Ao partir deixastes tudo tão revirado
Não tenho mais vida nessa bagunça que deixastes  

Diz a ele que não consigo deixar sua memória morrer
Ainda estás tão vivo dentro de mim
É como se te encontrasse pela a primeira vez
E cada manhã que volto é na esperança de vê-lo

Diz a Ele que o porto não tem mais vida, morre
Tudo está coberto por um cinza infernal
Acabaram-se... tudo acabou... morreram

Diz a Ele que a ideia de morte me atormenta
Eis que partirei em breve, não voltarei mais ao nosso Cais
Nosso? Nada nunca foi nosso.

Diz a Ele que enlouqueço  

*imagem livre de internet 
**o gênero é pura adequação literária




É impossível ouvir Frank Sinatra e ler qualquer coisa de Caio Fernando Abreu e ser indiferente. Ando indiferente aos meus sentimentos há tanto tempo, não tenho parado para me perceber, às vezes prefiro esquecer de mim... Tenho feito isso, me esquecido. E nesta noite insossa, alguns pingos de chuva, calor, sem brisa e sem “Anarina”, ao ler uma Epifania de Caio, sinto o sangue fluir em meu peito, quase adormecido de tanta solidão. Ando triste. Na verdade sou triste e vocês bem o sabem. Sabem ainda que o que escrevo não passa de lamentos ridículos, mais o que sou se não esses lamentos? Ando cansado de muita coisa, cansado de mim... “Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta” (Camille Claudel), na verdade essa assertiva de Camille seria uma epigrafe, e eu a uso como um ponto final...    

*imagem livre de internet
**Perdão pelo texto ruim, mais precisava escrevê-lo e publica-lo.