segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Busca inútil





Hoje eu desejei a chuva, embora não goste muito dela... Não é que não goste propriamente da chuva, mais o pós-chuva, me deixa mais triste ainda, é insuportável... Hoje estou à beira do Cais, sozinho, banhado por tantas dores e o Cais é capaz de me deixar  morto, junto-me a paisagem, as coisas. O Cais está vazio, cinza e nenhum paquete à vista... Fico ali parado por horas a fio, permito-me sentir todas as dores do humano, desgraçado e fraco que sou de tantas coisas para ser teria que ser exatamente eu, poderia ser a primeira folha a desgarrar o tronco no outono, não teria pesar por isso, deixaria o vento me levar para qualquer canto e alimentar a Terra mãe bendita. Não! Teria que ser eu o que sou? E o que sou, se não um mendigo, a andar por aí em busca de sentido e comida para manter-se vivo. A busca é inútil, a caminhada não, a comida também inútil, para que alimentar um ser que mais merece o desprezo, e quantos outros seres querem esse alimento, e não podem tê-lo, eles são melhores, não precisam pensar no alimento, eles alimentam-se e pronto... Com erros ridículos vou dormir, e se não acordar, bendirei a primeira pá de terra a cobrir meu rosto...      

*imagem livre de internet


quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Não




Hoje estou entristecido
Hoje o amor é um sonho distante
Uma pena voando
Uma pipa no céu azul solta da linha...

Hoje tenho vontade de dormir e não ver o dia
Hoje tenho vontade de comer a poesia de Florbela
Hoje seria bom se não me encontrasse com meu semelhante
Hoje faria o solitário sem pesar...

Hoje beberia o veneno em que um dia me estendestes
Hoje morreria sem pesar, sem lágrimas e nem rancor
Hoje olharia para a vida como aquele que sente saudades mesmo antes do adeus...

Hoje seria só eu me velando, sentado a beira de meu próprio funeral
Hoje esqueceria tudo para lembrar, sim lembrar
Hoje, hoje, hoje, hoje, só, sem amanhã...

*imagem livre de internet

sábado, 11 de agosto de 2012

Erros...



Quantos dias não dormidos,
Pensando no que fiz de errado quando quis acertar...

Quantas saudades do que poderia ter feito,
Para ter-te hoje, dividindo o mesmo ethos...

Quantas horas perdidas vagadas por aí,
Buscando um sentido por não tê-la ao meu lado...

Quantas coisas faço,
Pensando que eras para ti que deveria ter feito...

Quantos momentos de solidão,
Pois no momento em que nos encontramos nos perdemos...

E eu te quis tanto, não imaginas como,
Por tanto te querer, que eu não soube como ter-te...

*imagem livre de internet