segunda-feira, 30 de julho de 2012

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Ao meu amigo Claudinei

E ficam esses dias de pequenas coisas, pequenos momentos, um chá, um café, uma música de bolso, uma tarde na varanda vendo o sol e as sombras das coisas, a brisa leve prenúncio da primavera, lembrança de um amigo, de um lugar, de um amor outrora vivido. Isso me traz uma nostalgia, e faz-me alegre... Alegria é um estado de alma, que combina com esses momentos, que nos deixa em paz e nos faz querer viver, embora a tristeza esteja sempre lá, escondidinha dentro de um cantinho da caixinha de Pandora. E assim vou me fazendo e sendo feito, olhos sempre atentos, vago às vezes, ou bem focado. Pode ser que atrás daquelas árvores em forma de cerca exista um córrego, de água tranquila e fria, por lá me deitarei à espera da primavera que mudará o cenário, que dará uma novo vigor, embora ilusório... Sim precisamos de ilusão, de fantasia, do desejo do impossível, da vontade nova de que fosse verdadeiro, e É. Como alguém pode dizer que não, se o meu acreditar é maior que tudo...

*imagem livre de internet

terça-feira, 17 de julho de 2012

Memória...








Eu estava com 07 anos, era o ano de 1989, depois de uma longa estadia na cidade retornava a fazenda em companhia de uma tia. Chegamos por volta das 17:30h, encontramos uma casa fria e escura, algumas brasas na fornalha, com meu avô habitando aquele ethos. Era uma tarde calma e silenciosa, acabara de chover, os cajueiros ainda molhados exalavam um cheiro tão familiar de mato e terra molhada, ouvia-se no ar o canto de alguns pássaros... Diante daquela tarde eu parei, pela a primeira vez eu via, tinha certeza que me via vendo. Foi a primeira vez que me sentir sozinho, a primeira vez que experimentei aquela solidão, que a tanto me fazia chorar e que faria parte de mim, que se confundiria com o que eu seria dali por diante. Foi naquela tarde, fria e triste de maio que me descobrir triste. Hoje vejo essa memória, muito nítida, como uma tela imóvel diante de mim, e ela me faz chorar... Não escolhi ser triste, como não escolhemos tantas coisas na vida, aquele dia me fez triste, é por isso que hoje carrego nos olhos essa tristeza que alimenta minha alma e minha poesia... Com o coração em pedaços vou dormir, com um laço vermelho a Iansã, deixo-vos.

**Talvez volte a escrever sobre esse dia...

sábado, 14 de julho de 2012

Noite...




Então eu fiquei em casa abraçado aos joelhos,
A vida acontecendo lá fora, e eu aqui parado em mim,
O sonho do amor ainda está, insiste em não me deixar em paz,
A noite é um mistério, a possibilidade e a impossibilidade andam juntas,

A noite é dos pequenos amores, e dos grandes também,
A noite é das ilusões, dos medos, das fragilidades,
A noite é do desejo de eternidade, das juras para sempre, que não durará a luz do dia,
A noite é minha alma gêmea, a que mais se parece comigo,

As pessoas ficam bonitas para a noite, para os olhos da noite,
A noite é triste, não sabe ser mãe, a noite é o descaso da vida,
Quando acabará minha noite? Escuro, tudo está escuro...

*imagem livre de internet

quinta-feira, 12 de julho de 2012

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Hoje estou com a alma livre, sonhando, tomando café e ouvindo Bethânia...
Hoje gosto do dia, gosto de suas possibilidades, gosto de me sentir vivo...
Hoje até gosto das atividades domésticas, gosto de olhar a casa e me sentir seu...
Hoje esqueço as questões ontológicas e me apego às metafísicas...
Hoje gosto de me sentir minimalista, pequeninas coisa, música de bolso, ou de apartamento...
Hoje me aventurarei em busca de um presente para uma amiga...
Hoje me sinto apaixonado, pensando em outro ser...

*imagem livre de internet 

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Era ela...




A  Bell linda Flor

Ela tinha toda a leveza da poesia de Vinícius
Tinha no corpo o gingado do samba de Cartola...
Tinha a sensualidade de Lily Braun, na voz de Chico
Ela amava? Sim. Sofria por amor? Sim, como a todos mortais...

Ela era forte, como uma personagem de Clarice,
Era menininha, moça, mulher formosa, que deixavam os jovenzinhos loucos
Ela se aventurava por amores, poesias, vinhos e Bruni
Ela acreditava, amava uma mulher de vila chamada Cora

Ela já amanheceu em Ipanema, viu o sol nascer no Arpoador
Ela acreditava em fadas, em anjos e santos, acreditava na terra e sua força
Ela acreditava na vida, e ainda amava, amava a vida não por que ela era boa
Mas era a possibilidade possível

Passaria a noite a falar dela, poderia dizer de suas aventuras na Europa
Poderia falar que ela era uma amiga dessas que não se encontra todos os dias
Poderia dizer de seu lado materno, seu abraço, seu sorriso do vinho maravilhoso,
 Das taças que comprastes, pois era inaceitável tomar vinho em copo...

Poderia dizer da amizade que eu sentia por ela,
Do amor,
Da saudade...

**o texto está no passado por puro gosto literário...

segunda-feira, 2 de julho de 2012

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Hoje percebo ao ver-te que
Tens tanto de mim em ti e
De ti em mim...

Mudamos fisicamente, envelhecemos,
Acreditamos diferente,
Namoramos diferente...

Más eu estou aí e você aqui,
Ambos latentes, negando a si mesmo
Que o desejo não corre em nossas entranhas...  

*imagem livre de internet

domingo, 1 de julho de 2012

Contradição






Hoje desejo sua presença como a tanto não desejava. Hoje eu perderia todo o tempo do mundo com você. O que sinto não é uma simples saudade ou nostalgia. O que sinto ultrapassa isso, é muito maior, me arriscaria a dizer que é toda a metafísica, hoje poderíamos ir ver Caetano, ou simplesmente andar em silêncio ou até mesmo ficarmos juntos em qualquer lugar. Não sei por onde andas com quem vive como vive se ainda fala em mim, uma vez ou outra quem sabe, talvez evite ouvir Bethânia, só para não ter que admitir minha presença em seus pensamentos. Posso lhe dizer, que o começo do esquecimento já é o esquecimento em si, não sofro mais escrevendo isso, então começo a te esquecer, ou será que já te esqueci?

*Imagem livre de internet