Ao levantar me deparo com um dia
cinza e frio. Até que enfim faz um dia de inverno em Goiânia, ao me arrumar
para ir à terapia, visto calça jeans branca, all star e camiseta com um azul de
Nossa Senhora e Yemanjá. Deixo o frio invadir meu corpo, gosto de senti-lo,
faz-me sentir vivo.
Querida Bell, tive tanto desejo em
te escrever que antes de chegar ao consultório, saio em busca de um papel para
lhe escrever, más, teria que ser um papel bonito, porém tenho um problema, só
tenho 10,00 reais para passar o dia, almoçar pelo menos, o papel custa 9,80
desisto. Sair da loja de papéis, más não conseguir ir longe, voltei comprei o
papel. Agora tenho o papel, sua presença metafísica e 0,20 centavos para passar
o dia...
Sento em um café para lhe
escrever, não é um café como os que visitastes em Paris, mais a mesa é bonita e
se a moça me vender um café por 0,20 centavos então tudo estará perfeito... Chego
ao balcão pergunto a atendente se ela me faz um café por 0,20 centavos, ela me
olha não diz nada e me serve o café, detalhe em um copo descartável...
Hoje te chamarei de anjo, meu
anjo, anjo de Petrópolis, anjo de Cora, anjo de Paris, Porto, Roma e é claro
meu Rio de Janeiro, posso lhe confessar? estou com saudades... Ao sair peguei um livro
em minha biblioteca, “Pequeno Epifanias” C. F. Abreu. Ele recomenda em uma
determinada Epifania, que fosse lida ao som de Caetano, achei um luxo, adoro essas
coisas que só os escritores sabem dizer, nessa epifania percebo-me igual ao
Caio, triste e andando pelas ruas de São Paulo e eu, é claro em Goiânia. De certo
que uma frase diz muito do que sinto hoje, ao reler a frase as lágrimas vieram,
“Ah como eu precisava tanto que alguém me
salvasse do pecado de querer abrir o gás”...
Lendo sem nenhuma pretensão me
deparei com essa joia, me retrata. Assim como o dia está cinza, eu também
estou, nem o azul da blusa com a calça branca é capaz de me salvar...
Anjo com um beijo deixo-te,
gostaria que estas palavras bobas e “sentimentaloides”, fossem lidas por você
hoje, mais isso é impossível, só irá lê-las quando tiver um portador...
Obs. 1. Mande seu endereço e me
escreva, nem que seja uma única linha. Aguardo com saudades.
Obs. 2. Escrever é como está vivo,
corremos o risco de errar, por isso, perdoe os erros de língua portuguesa, pois
fui alfabetizado no Ensino Público da década de 80, em uma aldeia...
Do sempre seu com vontade de
abrir o gás...
*imagem livre de internet