quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Perfume




Maria Bethânia tem um trabalho muito bonito intitulado “Música é Perfume”. Hoje percebo que são dois momentos em que me prendo na história a outro ser, com música e perfume. Ao sair de casa hoje com a melancolia da chuva me deparei com seu perfume, seu cheiro, era como se eu estivesse me deparando com você e embaixo de um guarda chuva colorido você brindaria o meu dia com seu largo sorriso...

Hoje o tempo tem ar de mistério, te sinto ao meu lado a caminhar, tão depressa quanto eu. Não consigo te olhar, algo me impede, penso que seja a certeza de que você é um sonho não sonhado, é o que eu gostaria de ter, ou gostaria que tivesse ficado... Mas existe algo que me faz acreditar que você seja o sonho, aquele sonhado, porque consigo identificar seu cheiro... E agora como faço para me livrar de seu cheiro?       

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Você é...



 
Você é a lembrança que se apaga
 É a falta que sinto
 É o desejo do não ter
É o caminhar sozinho na areia

São os dias nublados ao som de Dolores
É a nevoa da solidão
É a alegria contida
As lágrimas perdidas

É o grito não ouvido
É perfume esquecido
É a tristeza do olhar
É a dor nos versos de Florbela

*imagem derivada de internet

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Partida


Hoje dia de luto, luto eterno. Dia 02 de dezembro você partia, fazia uma viajem para nunca mais voltar, me deixou em uma solidão desoladora. A pior dor que alguém poderia sentir foi aquela que sentir na hora e depois de sua partida. Era um dia desses nublados e triste que por ironia a primavera sabe ter. Hoje ainda sinto a alma sair pela boca, em um grito mudo, silencioso. O tempo não foi capaz de livrar-me desta dor, hoje ela dói tanto... Sinto sua falta, sinto-me tão sozinho, saudades. Será que você não sabia que ao deixar-me, eu iria viver a vida inteira com esta dor, e que a saudades de pelo menos te ver acabaria comigo todos os dias... Até hoje ouço o som de sua voz, sonho com os lugares em que juntos passamos, eu tão pequeno caminhando atrás de você e me sentido importante só porque estava com você... Saudade, nunca mais soube de você, isso é triste, 12 anos, é depois que você partiu a vida passou a ser contada em anos... Você me ensinou o valor da vida, mais nunca me ensinou a viver sem você, ultimamente você nem em meus sonhos tens aparecido, não me abandone, por favor, preciso de você como se fosse ainda criança. Hoje meu choro é de saudades, queria tanto ver você novamente... Se antes de você partir eu já era triste, hoje nem sei, ando tão sozinho... Mesmo sem poder te dizer mais uma vez, Eu te amo... Talvez eu nunca soube ser filho...  

*imagem livre de internet

sábado, 26 de novembro de 2011

A Carta


Saudações.  Goiânia, 26-11-2011

Ainda é primavera, o dia está nublado e triste. Eu também estou nublado, e triste sempre sou. Ando tão inquieto, é uma inquietação na alma. É como se eu fosse partir amanhã, mas uma viajem sem destino, também não quero partir. Mas quero sair pela cidade fria e molhada, em busca de mim. Tenho tido cada vez mais medo da solidão... Eu sei ser só, mais a solidão é assustadora... Não consigo voltar a escrever, meus personagens estão tão latentes, porém não consigo dar-lhes vida, mesmo sabendo que sou responsável por eles. Hoje me dei um livro de presente, ´ Fernando Sabino Clarice Lispector perto do coração ´, o que seria de minha vida se não fosse esses pequenos prazeres? Não posso fumar, e ando desconfiado que terei de beber menos, isso é terrível. Me nego estes prazeres não por medo da morte, mas por medo de sofrer dores físicas. Já sou tão triste e sozinho, quando estou doente fico em um estado lastimável, além da feiura que me é tão natural, fico 1000 vezes pior. Chove agora, a chuva é capaz de me fazer sofrer de tal forma, é como se ela me remetesse a um tempo já bastante ido e que me dói só de lembrar. Um pouco de este ser triste que me tornei é parte dos fantasmas que foram fazendo parte de minha encenação durante a peça que atuei até hoje, a qual foi sempre um drama, com uma pitada de terror. O João e o Henrique, estão vivendo dias tão belos de setembro que faz pena me intrometer.  Às vezes tenho inveja deles. Hoje uma amiga muito crente me disse que temos que perdoar o passado, penso que já perdoei, mais será que é fácil esquecer, os espancamentos, as dores físicas e moral, quantos xingamentos, humilhações por parte dos que tinham mãe, daqueles que se diziam os benfeitores... Não tinha com quem falar de minhas tristezas, angústias e sonhos... Termino com um trecho de uma carta de F. Sabino para Clarice ** “(...) Depois a gente fica triste, e quando se lembra que amanhã vai ser diferente, fica mais triste ainda. A gente podia ser assim, Clarice, viver apenas, aceitar o momento como essencial e nascer de novo entre dois cigarros, entre o brinquedo e o edifício, entre a palavra e a curva”...     

Com amor e saudades, João. 

*imagem livre de internet
**SABINo, Fernando. Record, 2011
***  O João do texto é personagem de um romance que escrevo e não biográfico

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Palavras






Poucas palavras, soltas sem sentido e nem inspiração
É da inspiração que nasce a poesia que antes é triste
Preciso juntar as palavras que deixei escapar
Catar, recolher, assim começo aprender a viver

Poucas palavras, soltas e com sentido
Preciso de inspiração para voltar amar,
Não posso juntar os amores que deixei escapar
Também não os catarei... Assim começo a morrer

Palavras recolhidas, que outrora se espalharam
Hoje elas retornam querem viver, buscam sentido
Encontram-me triste e sozinho, hoje ressuscito 

*Imagem pública de internet